Por que fiquei com depressão?
- Léo Tatarana
- 4 de out. de 2017
- 3 min de leitura

Aos 12 anos, em casa, depois de um banho, fui dormir. Acordei com muito medo sem saber o por quê e fui correndo pedir socorro para meus pais. Acho que foi ai que tive meus primeiros sintomas da depressão, associada à síndrome do pânico.
Fiquei entendendo um pouco mais sobre o assunto, depois dos 21 anos, quando as crises começaram a aparecer. Não tinha nome para o que sentia até ler uma matéria sobre famosos que estavam passando pelo mesmo. Pensei como eu podia ter a mesma coisa dos famosos, pobre garoto.
O tempo foi passando, mais e mais compromissos, sobrecarregando o tempo e o corpo com mais stress e responsabilidades que não eram minhas.
Aos 26 anos, sofri minha primeira grande crise, num dia comum, fazendo uma coisa comum, numa fila, num banco da cidade. Calafrios, medo, coração na goela, pernas moles e o pensamento fervendo por causa de problemas dos outros que me interferiam.
Estava na companhia de meu pai e fomos ao hospital. Parecia que eu estava morrendo. Chegando lá, uma bateria de exames e, nada. Biologicamente nenhuma alteração.
Fiquei intrigado e já suspeitava que fosse a síndrome do pânico e depressão. Fui a uma consulta rápida e posteriormente num psiquiatra para saber como proceder. Foram longos seis meses de tratamento para amenizar o pânico e voltar a uma vida que tinha antes, mas não foi bem assim que aconteceu.
No começo, não conseguia nem pisar do portão pra fora, que o corpo recusava e o coração já disparava.
Tive que escolher e separar o que realmente me agregava. Não abandonei as aulas de desenho, pois me davam força. Deixei de lado todas as outras obrigações e pressões desnecessárias e prossegui. O apoio de minha família foi muito importante nessa etapa.
Havia voltado com muitas atividades que alegravam, como caminhadas, o basquete e comecei a praticar a meditação. Larguei os remédios bem cedo, uma recomendação médica, que me fez buscar outras opções de melhoria.
Depois desse capítulo na minha vida, fiquei mais reflexivo sobre todas as ações que eu escolhia e atento aos sinais que a depressão mostrava quando começava a sair de uma vida em equilíbrio.
Uma das minhas maiores dificuldades, desde então, foi lidar com as emoções, transformá-las e reagir da melhor forma possível. Não deixando de fazer o que me agrega e que me faz levantar todos os dias cedo, com a certeza de que estou fazendo a diferença, na minha vida e com as pessoas ao meu redor. Aprendendo e reaprendendo sobre meus limites.
Por que fiquei com depressão?
- Dificuldades de aceitar as coisas como elas são.
- Tentar mudar tudo e a todos.
- Querer estar sempre certo.
- Julgar e criticar os outros.
- Culpar os outros pelos problemas pessoais.
- Agarrar responsabilidades que não me pertenciam.
- Descontrole nos horários para se alimentar, descansar, dormir, etc.
- Sedentarismo excessivo.
- Ansiedade amplificada pela espera e excesso de informações desnecessárias.
- Pensamentos autodestrutivos, sentimentos ilusórios de culpa, me sobrecarregando.
- Se preocupar demais com os erros do passado, desejar um futuro em outro local, fugindo do presente.
Para quê fiquei com depressão?
Antes de tudo, se você ainda não procurou um médico, faça isso. Precisa saber de um especialista, a causa da depressão ou síndrome do pânico. Às vezes é uma reação a uma doença. E mesmo não sendo, para cada um, a causa pode ter fatores diferentes.
- Pratique Meditação. A prática ajuda a manter a paz, o foco, a paciência, a presença, a aceitação...
- Leia bons livros ( Atenção Plena, O Poder do Agora). Aprendemos muitas coisas sobre nós mesmos, sobre os outros. Aumentando o entendimento e a prática do amor, respeito e compaixão pelas pessoas.
- Priorize o equilíbrio em sua vida, no emocional, financeiro, espiritual, mental e físico.
- Faça atividades que aumentem sua qualidade de vida e satisfação pessoal.
- Rotule menos as coisas, as pessoas, os sentimentos, as dificuldades.
- Abrace mais. Ria mais. Veja filmes divertidos e emocionantes. Shows de stand up, de mágica.
- Aprenda coisas novas, faça aquela aula de dança ou música que sempre quis. Faça arte, trabalhe com sua criatividade.
- Dica para a família e amigos: Sejam e estejam presentes em todos os momentos possíveis.
- Coloque restrições no tempo que utiliza a internet, principalmente com redes sociais.
- Tenha mais contato com pessoas, com a família, com os amigos.
Hoje, percebo que não tem como fugir ou lutar contra a depressão, faz parte de nós!
Talvez tenham notado que eu não chamei a depressão de doença. Para mim se tornou uma amiga, avisando quando estou seguindo por caminhos que não condizem com o meu interior.
Quando apareceu, exigiu de mim, uma mudança! Enquanto eu resistia, sofria.
"A luz está em todo lugar, o primeiro passo é querer enxergá-la. Para os que não conseguem ver mais, sejamos vagalumes para levar a esperança até eles." Léo Tatarana